sábado, 15 de outubro de 2011

Chaplin de Copacabana

Noite de luar em Copacabana. À beira da praia, por entre centenas e centenas de rostos que nunca se veriam novamente, um deles se destacava no calçadão.

Era diferente dos outros, com tinta branca sob a face, olhos marcados de preto e, claro, a cartola. Um personagem interpretando um artista, que era também personagem.

Sem emitir qualquer som, distribuía poesia ao som das ondas batendo. Cativava com o olhar, que pedia atenção. Ele tirava do bolso uma rosa branca de papel, e a entregava ao cavalheiro, que gentilmente deveria oferecê-la à dama que acompanhava.

Surpresos e contemplativos, os que se deixavam encantar por aquele ser simplesmente sorriam. Era então que o Chaplin de Copacabana lhes entregava a última pequena grande lembrança: um pedacinho de papel com uma mensagem, que deveria ser lida com apreço pelo rapaz.


“É certo que irás encontrar situações 
 tempestuosas novamente, mas haverá 
 de ver sempre o lado bom da chuva que
 cai e não a faceta do raio que destrói.”


Aquele artista, no ensejo de um ganha-pão criativo, faz muito mais. Cria uma nuvem de sensibilidade e amor em meio à rotina de comportamento, por vezes tão fria. Colore o transitar noturno pela beira-mar. Alimenta a alma. Faz sorrir o coração.

Um fingidor que esconde a identidade, mas liberta sua poesia e verdade.


Por Míriam Bonora

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