segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Despertar

by Sara Kaid Jounia, Oran, Algeria

       Eu vivia uma fase estranha. Quase de marasmo interno. Como se um controle remoto me direcionasse mais do que meus desejos e idealismos. Eu queria ir, mas não sabia bem como, não sabia mais ao certo “para onde” e tinha adormecido alguns sonhos que me eram tão nítidos... Restava-me uma vontade, uma chama que ainda iluminava meu espírito, mas que precisava de mais força para iluminar meus passos.

       É nessas horas que uma força superior te coloca algumas coisas e pessoas no caminho, para ver se você acorda. Foi quando uma em especial apareceu para ajudar. Dizia-me coisas que eu precisava ouvir de novo. Com suas reflexões, provocava-me a mudar, a questionar o que eu estava fazendo com a minha vida, com meus sonhos.

       Essa é a palavra: sonhos! Eu havia cortado minhas asas. Já tinha programado toda a minha vida, como se ela fosse um filme, dos mais previsíveis. E eu precisava que alguém me mostrasse aquilo de novo, as conexões, os mergulhos mais profundos do verbo SER.

        Era como se estivesse com saudades de mim mesma, tentando me desprender de amarras que me foram colocadas ao longo da vida, por outros e por meus próprios medos. Precisava acreditar que podia mais, que era forte o bastante para ser o que queria ser. E para descobrir o que eu nem sabia que era. Precisava que alguém me sacudisse e acreditasse na minha capacidade de realização. E essa pessoa acreditou, bem mais do que eu. Enxergava o que eu não conseguia mais ver. Me cutucou, e de um jeito sutil me disse: “Vai em frente, sonhe, descubra-se. Você é melhor do que pensa ser.”

       Depois de percorrer toda uma jornada interna, de ter sofrido muito com as rupturas, descoberto meus defeitos e qualidades, hoje posso dizer que cresci muito. E isso com a ajuda de várias pessoas, situações, experiências. Mas eu sempre vou me lembrar de uma em especial. Vou lembrar-me de quando isso começou. E de não suprimir os voos mais altos e ousados, de manter minhas crenças e amores bem perto de mim, e de estar aberta para o melhor da vida.

       Só fico triste em perceber que esta mesma pessoa parece não ter mergulhado tanto. É como se tivesse mudado de verbo e se perdido no caminho. Como se tivesse adormecido o que me iluminou um dia. E eu rezo para que um dia algo ou alguém o desperte e o traga de volta ao seu verbo mais bonito e verdadeiro. Tal como um dia aconteceu comigo...

Míriam Bonora

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