domingo, 28 de agosto de 2011

Laços

Era o início de uma jornada de grandes descobertas, transformações e novas pessoas na minha vida. Seres especiais que marcariam quase quatro anos de universidade. Era uma quinta-feira e os grandes e idênticos blocos amarelos estavam praticamente vazios. Somente alguns poucos calouros se aventuravam por aqueles corredores.

Tunnels - Mechelle Charlton, Glasgow, UK

E ele estava lá, desde o primeiro dia.


Como se estivesse desde sempre na minha vida. Precisamos de poucas palavras para perceber que nossas almas já se conheciam há taaanto tempo! Admito que lembro pouco das primeiras conversas, mas não esqueço daquele jeitão simples e carinhoso que é sua marca de ser. Daquele sorriso sincero que eu quero ver sempre em seu rosto, que já sentiu a brisa e o vento de alguns cantos desse país, e agora estava aqui nessa terra rasgada.

Eu posso dizer que, depois de algumas rajadas machucarem nossos corações e até nossos corpos...

Depois de alguns anos em que os caminhos nos moldaram e inevitavelmente nos fizeram amadurecer e adquirir novas responsabilidades...

Apesar de termos mudado, somos os mesmos. De um jeito diferente, mas ainda somos aqueles sonhadores, verdadeiros e bons amigos.

Não temos mais aquelas tardes ociosas a rir e jogar pôquer com as balas do bloco A, a jogar conversa fora nas escadas da biblioteca ou a tirar fotografias nos arbustos espalhados pela universidade.

Mas os laços que nos ligam como almas afins são eternos. E eu sei que ele sempre terá toda a paciência do mundo para me ouvir contar minhas dores, e eu as dele. E que me incentivará a encará-las com coragem, mesmo que tente escondê-las. E ouvirá tudo isso com a mesma atenção, quantas vezes eu precisar falar. Sem me julgar. Porque nossa amizade é pura e o respeito e confiança que construímos é forte e genuíno. Porque a generosidade de tuas palavras e o conforto do seu sorriso sempre estarão ali, a meu alcance, quando precisar.

Porque uma amizade como a dele a gente guarda com muito zelo, aqui, bem juntinho, do lado esquerdo do peito. Para sempre.


Por Míriam Bonora

2 comentários:

  1. "Daquele sorriso sincero que eu quero ver sempre em seu rosto, que já sentiu a brisa e o vento de alguns cantos desse país, e agora estava aqui nessa terra rasgada." - Descrição perfeita e inconfundível, Míriam! Que lindo.

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